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R.I.T.A.
(Reinvention Is The Answer)

Deparei com esta miúda há mais de um ano, por acidente, coisa de filme... Em conversas com amigos, tudo indicava que a Rita a que me referia era esta, mas não, falávamos de uma miúda diferente...

O primeiro traço que sobressaiu na Rita: a educação. Era uma pessoa educada, fazia questão de me explicar as coisas ("digo muitos palavrões, não ligues", "comigo estás à vontade...").

Depois, a impaciência "despachem-se", "não tenho a vossa vida"...

Finalmente, a arte. A Rita ensinou-me a ver música, a ler filmes e a ouvir textos. Porque quando trocamos as voltas a nós próprios, descobrimo-nos de uma maneira diferente. E é assim, diferente, ora sensível, ora resistente, que ela me surge diante dos olhos de cada vez que a vejo.

Às vezes vejo muita força, às vezes vejo fragilidade, mas nunca deixei de ver reinvenção, que é essa capacidade de sermos diferentes sem deixarmos de ser iguais.

Mas que sei eu sobre arte? Vou deixar a verdadeira arte falar.

A Rita vista pela MÚSICA

"A Rita faz parte daquele núcleo de pessoas que repara em todos os meu pequenos pormenores. Aquele solo que pensei que passaria despercebido por entre os acordes mais fortes, a leveza da voz que ela tão bem repara... Todas aquelas coisas pequenas que apenas as pessoas grandes têm capacidade de detectar... Mais do que música, a Rita para mim é som: invade a minha essência, descobre-me aos poucos e deixa que eu a toque sem recear a minha força devastadora. Sou uma privilegiada por ela me escolher para fazer as suas grandes viagens. Juntas já descobrimos o amor, a coragem, o desgosto, mas sobretudo a força. É contraditório, porque toda a minha força não lhe confere senão fragilidade. Amo-a.

A Rita vista pelo CINEMA

"Nunca pensei que fosse possível alguém reparar nos meus pequenos twists... Gosto de confundir as pessoas, de dar-lhes a parte para que percebam o todo... mas a Rita observa o meu todo, em toda a sua pequena parte. Ela repara no sorriso subtil que um beijo apaixonado esconde, e aprecia com doçura aquele ambiente a que as pessoas se esqueceram de dar atenção, porque estavam distraídas com um qualquer efeito especial. Sinto-me nú aos olhos dela, porque me pergunto: como consegue ela ver coisas que os humanos não gostam de confrontar? Como tem ela paciência para os meus filmes mais intrigantes mas aparentemente aborrecidos?
No meu guião, a Rita não é uma heroína, é a única pessoa que poderia realmente tornar um sonho numa realidade e uma realidade num sonho. Admiro-a.

A Rita vista pela ESCRITA

Tornei-me narcisista desde que a Rita começou a ler. A atenção que dá a cada palavra, cada pausa no discurso... Como poderia não ficar convencida com tanto carinho?
Não queria atrever-me a descrever o que ela me faz, mas sou apenas escrita, não tenho senão palavras, por isso desculpar-me-á a falta de jeito. O que quero dizer vem do fundo dos meus verbos, e alcança o coração das minhas frases: lê-me, lê-me muito, e descobre-me a mim tanto quanto quererei descobrir-te a ti. Invejo-a.

À minha Ritinha.