OBS.: "Nothing" é uma faixa que deve ser ouvida com cuidado. Ouvi-a várias vezes e, ao contrário do que os fanáticos da pureza do som atestam, não é o facto de a ouvirmos repetidamente que se torna vulgar. A vulgaridade só vai surgir quando lhe retirarmos o lugar que ela merece. E tal só acontecerá quando os idiotas estiverem a ganhar.
A "Nothing" surgiu-me numa noite de Verão, no famoso LV. Estava o povo na zona de estacionamento por trás do BA. Creio que tínhamos vindo de lá. A música parecia interessante, e dela retive os sonzinhos do xilofone. Não consegui também esquecer a forma como o povo se deixou enlevar naquele transe musical que dele se apoderou assim que a Julie Thompson soltou as suas primeiras notas acerca da forma como nada parecia segurar a sua queda.
Efeitos semelhantes àquela onda de euforia que excitava os corpos do Moa e do Gabry eu não tinha ainda visto. Não conhecia o grupo há muito tempo. Como sempre, deixei-me permanecer no meu recanto de observadora, a apreciar a forma como a emoção que me faltava a mim preenchia aqueles breves momentos nocturnos de uma luz que a lua por si só não poderia oferecer. Era música, que - com as suas potentes ondas a reverberar no solo e no ar - esperava, enfim, dominar as mentes receptivas dos jovens, prontos a entregar-se por completo à mercê daquela tão possante dama.
Mais tarde, descobri que essa dama que provinha dos cantos mais mais recônditos dos jovens aparecia esporadicamente, enquanto se ouviam outros sons, para levá-los de novo na onda de loucura colectiva. Acontecia com a Green Hill, com a Toxicity, com a Stress... Mas nothing parecia comparar-se àquela faixa esquisita e cativante que o Holden produziu.
Nela, ouvimos uma voz feminina que suspira desespero, ouvimos xilofones que nos levam de regresso à infância e aos tempos de (des)protecção... ouvimos, enfim, um grito que tantas vezes ouvimos: um grito vindo do fundo, um grito vindo da alma, um grito preso no inconsciente, um grito que tantas vezes foi nosso.
NOTHING
Editora: Loaded Records
Lançamento: 5 Maio 2003
Género: House Progressivo, Trance, Trance Progressivo
Produção: James Holden
Voz: Julie Thompson
Letra: Holden e Thompson
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É provavelmente a música mais acessível do homem mas também uma das mais bonitas :)
ResponderEliminarDescobri-a num set do DJ Vibe há uns anos atrás!
Muito bom margarida, gostei imenso da revisão à música, é mesmo muito bom som, de tal maneira que o senhor magalhães, quando "sacou" o som, tinha aquela panca de hey não posso mandar o som porque ainda é muito recente e é tipo bueé bueé tipo tu não tás bem a ver, tipo este som... é grande som :P, peace francis :)
ResponderEliminarPs: tens um mais a mais nesta frase: "Mais tarde, descobri que essa dama que provinha dos cantos mais mais recônditos dos jovens aparecia esporadicamente..." :D :P